quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O Fundador do "ALTO" - (1919) Jornal e Gráfica


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Trabalhando como “amarra-cachorro” num circo de segunda, e sendo às vezes convocado para atuar em pontas nos dramalhões encenados no picadeiro, veio dar-se em Piumhi, nos idos de 1917, um jovem franzino, alto, de sorriso fácil e profundos olhos azuis. Ainda na pouca idade de 17 anos, José Firmino Pereira, deixara sua terra natal, Buriti Grande, distrito de Abadia do Pitangui, decidido a correr mundos, dando vazão ao seu espírito arguto e alma aventureira.

Quando o circo levantou panos, o jovem não tinha mais dúvidas. O Piumhi do princípio do século oferecia todos os ingredientes básicos para satisfazer seus anseios de auto-realização. A riqueza dos garimpos das margens do São Francisco e o esplendor da zona agrícola eram as molas propulsoras do progresso e refletiam-se na intensidade da vida sócio-econômica e cultural do município. A cidade fervilhava e oportunidades não faltavam para os bem intencionados. “Não será para mim que irá faltar” – deve ter pensado o jovem José Firmino, ao abandonar seus pendores artísticos e despedir-se dos colegas da “troupé”.

O início não foi nada fácil para o rapaz, que para sobreviver empregou-se em uma padaria, onde dormia em um forno de barro, enquanto procurava melhores acomodações. E foi ainda como padeiro, em uma de suas diuturnas entregas de pães, que veio a conhecer Maria Stelita de Freitas, com quem se casaria no ano de 1921. Aí, muita coisa havia mudado em sua vida. Já abandonara o cilindro de sovar pães e se entregava de corpo e alma aos trabalhos do pequeno atelier fotográfico e da tipografia que adquirida empastelada com a ajuda de amigos, já imprimia o “O POSITIVO”, semanário fundado em 19.11.20 e que dois anos mais tarde, mudaria o nome para ALTO S. FRANCISCO.

Depois viram os filhos e, os momentos de dificuldades eram sempre contornados com muito trabalho e perseverança, numa tarefa onde era constantemente auxiliado por sua fiel companheira.  Foi assim, com muito sacrifício e esforço, que aquele pobre, sem estudos e desconhecido rapaz de circo, conseguiu durante toda a sua vida atingir postos e cargos bem acima de seus anseios. Foi Prefeito, Juiz de Paz, Gerente de Banco, Adjunto  da Promotoria, Inspetor de Ensino e muita coisa nos seus 74 anos de vida, dos quais, 54 dedicados ao jornalismo piumhiense.

Uma inesperada parada cardíaca colocaria fim à vida de José Firmino Pereira na tarde do dia 30 de novembro de 1974, deixando abalada a cidade que recebera há 57 anos atrás e na qual com seu trabalho, honestidade e simpatia, granjeara um grande círculo de amigos e admiradores. O fundador do ALTO foi sepultado no Cemitério da Saudade às 16 horas do dia 1º de dezembro. 

José Firmino nos deixou um exemplo de vida, pessoal e profissional, que hoje em 2010 está em sua 4ª geração prestando o melhor serviço da região.

Um comentário:

  1. José Firmino Pereira deixou um legado fantástico, e sua competência reflete nos seus descendentes. Por isso a longevidade dos seus projetos e a continuidade dos profissionais da família. Família na qual faço parte!

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